domingo, 11 de novembro de 2007

Prazer, Ana


Eu me chamo Ana Carolina, tenho 20 anos e a minha história começa quando meu pai com 18 anos engravidou a vizinha de 20 anos, que já tinha uma filha de 4 anos. Pois é, pode não parecer o melhor jeito de entrar no mundo, mas foi bem assim que eu entrei. Pra complicar um pouco mais, meus avós viraram meus pais, e meu pai virou irmão, daqueles que pentelham mesmo. E eu cresci assim.Minha mãe também foi fazendo a vida dela, e teve mais dois filhos, um deles morreu e eu lembro muito pouco disso.
Eu nasci em São Paulo, mas o bairro maltrado onde eu cresci não lembrava São Paulo. As ruas tinham números, todo mundo conhecia todo mundo. E todo mundo conhecia o bar do bahia, o bar do meu vô. Já minha vô tinha feito partos pelos bairro inteiro, e era madrinha de quase todas as pessoas que eu conhecia. Nossa casa era simples mas vivia lotada, tio de viagem, tia folgada, cachorros adotados e amigos do meu pai.
Apesar de paulista carrego em mim uma imensidão de cultura e de sotaques.
Meus avôs eram nordestinos, meu pai paranaense, minha mãe nordestina também, e nunca nínguem soube nossa descendência. Fica aquela coisa:
- Vô de onde seus pais eram?
- Ué da Bahia, claro.
- E os pais dos seus pais?
- Da Bahia também.
Quando eu já estava achando que minha familia tinha dado em árvore, apareceu minha centenária tataravó, que contou que era filha de alemão!
Então quando me conhecerem, porque isso há de acontecer, lembrem da história da descendência alemã. Eu entenderei os sorrisos!

Eu não nasci de um caso de amor, não fui criada pelos meus pais, ajoelhava no milho quando aprontava, meu quarto era decorado com um quadro de são jorge, meu pai não estava presente no meu parto porque estava prestando vestibular, e só descobriram no dia que o Júnior não era Júnior.

"Mas Alice tinha se acostumado tanto a esperar só coisas esquisitas que lhe parecia muito sem graça e maçante que a vida seguisse de maneira habitual..."
Alice no país das maravilhas.

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